Eça de Queirós:

José Maria de Eça de Queirós nasceu em Póvoa de Varzim, a 25 de novembro 1845 e morreu em Paris no dia 16 de Agosto de 1900. Foi um dos mais importantes escritores de Portugal. Foi escritor de várias obras, algumas das cuais são:
·         O Mistério da Estrada de Sintra - Lisboa, 1894
·         O Crime do Padre Amaro - Porto, 1889
·         O Primo Basílio - Porto-Braga, 1878
·         O Mandarim - Porto, 1889
·         A Relíquia - Porto, 1891
·         Os Maias - Porto, 1888
·         Uma Campanha Alegre - de As Farpas  - Lisboa, 1890-1891
·         As Minas de Salomão - Porto, 1891
·         A Ilustre Casa de Ramires - Porto, 1900
·         Correspondência de Fradique Mendes  - Porto, 1900

·         A Cidade e as Serras - Porto, 1900




Os Maias (1888):

Pontos essenciais por capítulo


I
        - Identificação de espaço e tempo (típico do Realismo). Descrição do Ramalhete.
        - Listagem das propriedades da família
        - Descrição da família Maia
        - Obras no Ramalhete. Vilaça arranja engenheiro português, mas Carlos, de visita a Lisboa, traz consigo um arquitecto-decorador inglês
        - A casa fica vazia
        - Analepse com início no pai de Afonso
        - Afonso parte para Inglaterra. Conhece Maria Eduarda Runa em Lisboa e parte com ela para Londres, apesar de a mulher preferir Portugal
        - Educação de Pedro
        - Regresso de Afonso a Benfica
        - Maria Eduarda recusa que Pedro vá estudar para Coimbra
        - Pedro vê Maria Monforte, que lhe é apresentada por Alencar. Afonso considera excessiva a relação que se estabelece entre eles (não compreende o amor romântico).
        - Pedro pede ao pai para autorizar o casamento, cortando a relação entre ambos.

II
        - Pedro e Maria partem para Itália, depois para França e de regresso a Lisboa, ao sabor dos apetites de Maria
        - Pedro e Maria têm uma filha
        - Maria começa a tratar mal Afonso, mesmo mal o conhecendo, o que desagrada a Pedro
        - Organizam-se festas na sua casa alugada em Arroios
        - Nascimento de Carlos
        - Maria adoece
        - Pedro fere acidentalmente o napolitano Tancredo, que se instala na sua casa
        - Ambos doentes e desconhecendo-se, Tancredo e Maria apaixonam-se (renascentismo)
        - Maria e Tancredo fogem com a filha, deixando Carlos
        - Suicídio de Pedro

III
        - Carlos é educado com maior liberdade, de acordo com o sistema inglês.
        - Brown, educador de Carlos, segue as teoria iluministas de ensinar primeiro o que é útil e só depois os clássicos.
        - Convívio com as Silveiras e Eusébio. Comparação da educação deste com a de Carlos
        - Recupera-se a história de Maria, que segundo Alencar estivera na Áustria com Tancredo, depois no Mónaco. Muda-se para Paris, dedica-se ao jogo.
        - Afonso escreve ao primo que está em Paris, que descobre que tinha morrido uma filha a Mª, tendo Afonso e Vilaça ficado convencidos que esta apenas tinha tido uma criança.  


IV
-    Carlos vai para Coimbra, para se formar em Medicina. Apesar de ser contra as expectativas de Afonso, comprova as consequências de uma educação livre.
-    Em Coimbra, dá-se bem com todos e faz muitas vezes em sua casa encontros em que se discutia tudo (embora superficialmente), se jogava e se esgrimia.
-    Toda esta agitação e o ambiente “campestre” dos Paços de Celas fizeram Carlos abandonar progressivamente os estudos, tendo-se dedicado à escrita de artigos e sonetos, bem como à pintura.
-    Em jeito de crítica social, é dito que só por ser conhecido não tinha reprovado, e com um pouco de estudo foi logo distinguido.
-    A hereditariedade faz com que Carlos não se dedique com muito empenho às tarefas.
-    Ega está também em Coimbra a estudar Direito a sustento da mãe, sendo muito revolucionário (em especial no que se refere à religião) mas sentimental.
-    Após concluir os estudos, Carlos abre um consultório e um laboratório em Lisboa. Por tradição, os ricos da sociedade não trabalhavam, daí que Carlos não tivesse clientes no consultório, já que ninguém acreditava nas suas intenções de trabalhar.
-    Ega, com o seu casaco do estrangeiro, queixa-se de que em Portugal “importa-se tudo”

VI
-    Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez. Dâmaso diz conhecê-la.
-    Jantar no Hotel Central. Crime da Mouraria, associação do povo à pobreza, fado e alcoolismo.
-    Discussão literária a propósito do Realismo/Naturalismo e Romantismo (personificado em Alencar)
-    Alcoolizado, Ega conta a Carlos a história de Maria Monforte. Apesar de aparente indiferença, nota-se em Carlos a agitação provocada pela descoberta.


A Educação de Pedro da Maia

  A educação de Pedro da Maia é preponderante nas suas acções e destino. Já que estavam em Inglaterra, Afonso propõe que o filho seja educado no Colégio de Richmond. Católica ("devoção (a devoção dos Runas!) sempre grande, exaltara-se, exacerbara-se"), Maria Eduarda Runa opõe-se à decisão do marido, apesar de Afonso lhe provar que se tratava de um Colégio Católico e que lá teria todas as condições para ter uma boa educação.
    M.ª Eduarda manda então vir de Lisboa o Padre Vasques, que lhe dava uma educação demasiado tradicional e centrada na Religião. Afonso por vezes revoltava-se e levava o filho a passear, constatando que este, de tal modo habituado à protecção da mãe e das criadas tinha até medo das árvores, do vento e das sombras.
    Visto que a mulher estava a adoecer, Afonso não se atrevia a contrariá-la.

    A partir destes elementos, podemos verificar que a educação de Pedro é uma das causas para as suas atitudes de ingenuidade e medo que toma enquanto adulto, e que culminam no suicídio (demonstração de fraqueza). São comuns expressões como "tendo pouco da raça, da força dos Maias" e "era em tudo um fraco". 


O Jantar no Hotel Central – discussão literária

Sobre o Realismo/Naturalismo:
-    "limpando os bigodes dos pingos de sopa, suplicou que se não discutisse à hora asseada do jantar, essa literatura "latrinária"";
-    "se não mencionasse o excremento"
-    "O Naturalismo; esses livros poderosos e vivazes, tirados a milhares de edições; essas rudes análises, apoderando-se da Igreja, da Realeza, da Burocracia, da Finança, de todas as coisas santas, dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a lesão, como a cadáveres num anfiteatro"
-    “Para pôr um dique definitivo à torpe maré”
-    "a mais intolerável no Realismo eram os seus grandes ares científicos"
-    “o fraco do Realismo estava em ser ainda pouco científico, inventar enredos, criar dramas, abandonar-se à fantasia literária”